segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Francisco Assis acusa Passos Coelho de "preconceito ideológico contra tudo o que é público"

Porto, 31 jan (Lusa)

O líder da bancada parlamentar do PS, Francisco Assis, acusou Pedro Passos Coelho de ter "preconceito ideológico contra tudo o que é público" e de ter um "profundo desconhecimento" do que se passa no domínio dos transportes.

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, exigiu domingo, em Aveiro, uma reforma séria das empresas públicas” e um “Estado mais inteligente, com mais dignidade, que não seja capturável por interesses privados com tanta facilidade como hoje acontece”.

Passos Coelho disse mesmo que “a despesa geral realizada por todas as juntas de freguesia e câmaras municipais do país vale tanto como o passivo de uma grande empresa pública da área dos transportes, que está na ordem dos 6,5 a sete mil milhões de euros”.

Hoje em conferência de imprensa Francisco de Assis referiu que as afirmações do líder social democrata revelam um “puro preconceito ideológico sem qualquer avaliação pragmática da realidade”, além de “irresponsabilidade e até um profundo desconhecimento do que se passa neste domínio [dos transportes]”.

“Da leitura da posição do PSD ontem [domingo] enunciada, de que as empresas que dão prejuízos devem ser substituídas por privadas, concluímos que se está a fazer uma referência objetiva às empresas de transportes que são de facto as que dão mais prejuízos pela natureza do serviço que prestam”,
explicou Assis.

O socialista acrescentou que “os utentes pagam um valor que não corresponde ao custo real” pelo que “tem de haver uma intervenção pública que tem vindo a ser assegurada pelo Estado, acionista dessas empresas”.

O socialista defendeu que “não há nenhuma sociedade democrática, moderna e desenvolvida que não tenha uma forte oferta pública em matéria de transportes. Isso tem a ver com a mobilidade, igualdade de oportunidades e o ordenamento do nosso território”.

“O que seria da cidade do Porto sem STCP ou metro? O que seria a cidade de Lisboa sem a Carris? O que seria o país sem a CP? Isso significaria que introduziríamos no país uma situação praticamente caótica”,
sublinhou mesmo o deputado.

Por esse motivo, considera que as declarações de Passos Coelho assentam num “preconceito ideológico contra tudo o que é público” e que “é preciso pôr um limite a esta demagogia” que põe “em causa o interesse de tudo o que tem a ver com iniciativa pública”.

Tal discurso mostra-se para Assis mais demagógico quando “não se diz quais são as empresas em causa e se deixa no ar uma suspeita em relação a todas”.

“Temos uma esquerda radical, que combatemos todos os dias no Parlamento, que tem um preconceito ideológico contra tudo o que é privado e agora temos uma direita igualmente radical que tem um preconceito ideológico contra tudo o que é público. Nos temos uma visão diferente”, salientou o antigo eurodeputado que assegurou ser contra esse discurso demagógico e perigoso da diabolização permanente de tudo o que é público”.

LYL/(AYC)/Lusa

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