segunda-feira, 14 de março de 2011

PEC: PCP considera "muito difícil" apoiar uma eventual moção de censura apresentada pelo PSD

Lisboa, 14 mar (Lusa)

O PCP anunciou hoje que irá apresentar um projeto de resolução contra as novas medidas de austeridade propostas pelo Governo, mas admitiu ser “muito difícil” apoiar uma eventual moção de censura apresentada pelo PSD.

“Tal como em situações anteriores, o PCP lutará contra todos e cada um dos conteúdos negativos desta nova versão do PEC e apresentará na Assembleia da República um projeto de resolução que rejeite globalmente este conjunto de medidas”, afirmou Jorge Cordeiro, membro da comissão política do PCP, numa conferência de imprensa na sede do partido.

Questionado sobre a possibilidade de os comunistas avançarem com uma moção de censura contra o Governo, Jorge Cordeiro não respondeu diretamente, reiterando apenas que “o PCP não prescinde, nem prescindirá de nenhum dos meios e instrumentos de intervenção política e institucional”.

Quanto à eventualidade do PCP apoiar uma moção de censura ao Governo apresentada por outro partido, nomeadamente pelo PSD, Jorge Cordeiro disse não ser possível antecipar posições sobre iniciativas que não estão tomadas.

Contudo, acrescentou, relativamente uma eventual moção de censura apresentada pelos sociais-democratas, “à partida é muito difícil antever conteúdos que se distanciem sinceramente daquilo que são as orientações, as opções e as medidas que até agora têm contado com o seu ativo apoio e patrocínio”.

Na conferência de imprensa, Jorge Cordeiro voltou a deixar duras críticas às novas medidas de austeridade anunciadas sexta-feira pelo Governo, sustentando que o executivo liderado por José Sócrates “pretende acrescentar mais dificuldades e insuportáveis sacrifícios”.

“Os novos e mais pesados sacrifícios agora anunciados pelo Governo, constituem um novo e inaceitável passo no rumo do declínio, de injustiças e de empobrecimento a que a política de direita tem conduzido Portugal”, frisou, acusando o Governo de ter uma “atitude de desprezo” pelas condições de vida dos portugueses.

Jorge Cordeiro classificou ainda como um "ultraje a submissão aos ditames das principais potências capitalistas europeias” e o facto de as novas medidas terem sido anunciadas “a partir dos corredores da União Europeia e nas costas do país”.

“Em traços gerais”, continuou, o que o executivo de José Sócrates está a propor é “um novo ataque” aos rendimentos, o favorecimento da “exploração e fragilização dos direitos dos trabalhadores”, uma ainda mais “dramática e desumana precarização dos direitos sociais”, a redução das funções sociais do Estado e o prosseguimento da “criminosa política de privatizações”.

Na conferência de imprensa, Jorge Cordeiro não poupou PSD e CDS-PP das críticas, acusando os dois partidos de serem “parte do problema”.

“Apresentam-se como ativos cúmplices desta política e das suas pesadas consequências, que nenhum manobrismo tático ou retórica oposicionista pode iludir”, referiu.

VAM/Lusa

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

A coerência é uma coisa muito bonita...

Carta a Garcia disse...

Caro Rogério,

Também acho, mas devia ser concretizada ao nível da prática concreta...receio bem que o PCP não consiga distinguir o que verdadeiramente vai estar em causa...o FMI e o inenarrável cortejo de misérias ou a austeridade que a situação económica e financeira do país reclama...
Abraço,
OC