segunda-feira, 7 de março de 2011

PSD, de novo em clima de conspiração!

E verdade se diga, tudo se deve à falta de espessura e à débil liderança de Passos Coelho.
Claro, os indicadores de voto, aferidos pelas sondagens, não têm dado indicações de que o PSD esteja a descolar do PS, pese embora a dura austeridade que o governo tem sido obrigado a impor para tentar garantir uma execução orçamental que se compagine com as exigências da consolidação das finanças públicas.
E no entanto, muitos são os que puxam a labita ao novel líder do PSD, sempre instigando que este “apanhe” o comboio do poder tão breve quanto possível. Trata-se dos já designados “rapazes das juntas”, o mesmo é dizer, o aparelho local que, encabeçado por Luís Filipe Menezes e Marco António, foi decisivo para derrotar, nas eleições internas, as teses e a linha de Ferreira Leite, Paulo Rangel e Pacheco Pereira, entre outros…
São os mesmos que, armados em “spin doctors” do líder Passos Coelho, ora falam de redução de despesa pública ora apoiam projectos que a aumentam, como sucedeu na passada sexta-feira, em matéria de educação.
É também por tudo isto que se começam a ouvir a palavras marteladas de Santana Lopes, admitindo criar um novo partido de centro-direita, ou os juízos de valor do sempre adiado Rui Rio, não acreditando na dimensão intelectual de Passos Coelho e anunciando as suas “dez iniciativas”, bem antes que quaisquer “estados gerais” floresçam. E a que, inevitavelmente, se junta o escrutínio milimétrico de Pacheco Pereira, sempre no sentido de que as legislaturas se devem cumprir até ao fim, não em nome de princípios de respeito democrático, mas antes para obrigar Sócrates a beber o veneno até ao âmago, ao mesmo tempo que tal tese sempre seria compaginável com o fim de mandato, no Porto, por parte de Rui Rio, de que “as dez iniciativas” seriam a verdadeira rampa de lançamento.
Tudo para dizer, Passos Coelho e o seu “inner circle” estão de novo debaixo da flagelação sistemática da chamada linha dos notáveis do PPD/PSD. Regressou o clima de contagem de espingardas e de facas afiadas aos corredores por onde deambula a falta de firmeza e a inexperiência de Passos Coelho. São cada vez mais os que no partido sentem e proclamam que Passos Coelho não está ainda preparado para qualquer eventual exercício de poder, tanto mais quanto lhe falece qualquer experiência governativa.
Vale por dizer, o PSD ainda poderá ter de “baralhar e dar de novo”, ou seja, antecipar o Congresso que defina, finalmente, quem enfrenta Sócrates nas próximas eleições. É que tal como as coisas se apresentam, não fica claro se o PSD já resolveu, de facto, o problema da liderança. E tal indefinição não é aconselhável para o PSD mas também para o país.

Osvaldo Castro

11 comentários:

jose albergaria disse...

Preciosa análise.
Ponderada, rigorosa e realista: assenta em factos verificáveis e utiliza instrumentos que os analistas "titulados" deviam comsiderar imprescindíveis, em vez de se entreterem com "tessituras" do real.
Naturalmente, vou fazer "link" lá para a minha rua.
A íltima sondagem deve ter provocado uma "hecatombe" emocional lá para a S. caetano à Lapa.
Alinhando-se a sua análise com o que escreveu (ao que sei, o ex-conselheiro de Passos Coelho) Nogueira Leite e temos a foto de corpo inteiro do estado a que chegou a tribo sõcial-democrata.
Abraço,
José Albergaria

Ana Paula Fitas disse...

Caro Osvaldo,
Subscrevendo tudo o que o amigo José Albergaria já escreveu, resta-me acrescentar que farei link no próximo Leituras Cruzadas.
Obrigado.
Um abraço.

Carta a Garcia disse...

Caro José Albergaria,

Agradeço,reconhecido, a benévola referência que faz ao post publicado no "A Carta a Garcia",
Abraço,também pela S/ generosidade e Amizade,
Osvaldo Castro

Carta a Garcia disse...

Cara Ana Paula,

É sempre uma honra para "A Carta a Garcia" e também pessoal a referência que faz a posts deste blogue.
Obrigado pela S/ bondade e amabilidade.
Abraço,
Osvaldo Castro

Ana Brito disse...

Caro Amigo Osvaldo
Excelente análise...
A actual encruzilhada exige medidas excepcionais e, sem dúvida, um Governo dito de esquerda, como o PS, dispõe de melhores condições para governar e enfrentar a crise do que um Governo de direita.
Passos Coelho não tem experiência, nem mérito para tocar o país para a frente...
Sócrates nem sequer está agarrado ao poder...pelo contrário...tem sido um lutador em prol da condução do país através das melhores estratégias para salvaguardar as necessidades nacionais...
Grande Abraço com Amizade :)
Ana Brito

Kruzes Kanhoto disse...

É o cheiro do poder...

Carta a Garcia disse...

Cara Ana Brito,

Creio que convergimos na análise que também faz. De facto, tudo indica que Passos Coelho vai enfrentar uma guerra civil no interior do seu partido...e de facto os dirigentes que pululam à sua volta, mercê da avidez pelo poder, mais não fazem que instigá-lo a dar mais atenção à luta pelo poder que à defesa dos interesses do país...e lá se vai o sentido de estado.
Abraço Amigo e Solidário,
Osvaldo Castro

Carta a Garcia disse...

Caro Kruzes Kanhoto,

É isso mesmo, "o cheiro do poder" faz perder a cabeça aos menos avisados...
Obrigado pela visita,volte sempre!
OC

A.R. disse...

Num momento destes, o país precisava de outra oposição.

Carta a Garcia disse...

Caro A.R.

Tenho exatamente a mesma opinião. As diversas oposições convergem em ataques ao governo, ao velho estilo, "hay gobierno, soy contra!".
Mas se isso se pode compreender com os partidos de protesto e com o CDS, já é difícil de compreender com o PSD, o maior partido da oposição...
Não se pode viabilizar o OE e os PECs, e depois alinhar com a demais oposição em propostas que só aumentam a despesa ou não a permitem diminuir.
Há falta de sentido de estado...! o que é mais grave se se tiver em conta a crise rigorosa que o país vive.
Obrigado pela S/ visita,
Abraço Amigo,
OC

Ana Paula Fitas disse...

Caro Osvaldo,
conforme o prometido, faço link no Leituras Cruzadas de hoje.
Um grande abraço.