sábado, 26 de março de 2011

Vitalino Canas acusa Passos Coelho de enganar os portugueses quanto às consequências do FMI

Lisboa, 24 mar (Lusa)

O dirigente do PS Vitalino Canas acusou o líder do PSD de enganar os portugueses ao dar uma "visão demasiado benigna" de um eventual recurso à ajuda externa e da entrada do FMI em Portugal.

“É grave que o líder do PSD queira dar a entender que a vinda do FMI [Fundo Monetário Internacional] é uma espécie de recurso à Caixa Geral de Depósitos, que é uma maneira de o país ir buscar o dinheiro de que precisa para se financiar. O FMI não é um banco (…). As suas intervenções implicam graves sacrifícios para os povos dos países abrangidos
”, disse à Lusa Vitalino Canas.

O dirigente socialista, que falava a propósito da entrevista do líder do PSD à estação de televisão SIC, na sexta-feira, considerou ainda que Passos Coelho deve ser claro e “falar verdade” sobre as consequências de uma eventual entrada do FMI em Portugal.

As consequências são a diminuição drástica dos salários, que nunca esteve em nenhum PEC, designadamente nesta proposta que o Governo apresentou e que foi chumbada, a diminuição de certos apoios sociais e o despedimento de funcionários públicos. Foi isso que implicou noutros países”, afirmou.

Para Vitalino Canas, o líder do PSD "faz uma leitura voluntariamente enganadora [da entrada do FMI em Portugal].

"Com as responsabilidades que tem ao nível do partido que tem não pode ignorar o que FMI representa”, sublinhou, acrescentando que na Grécia a intervenção do Fundo Monetário Internacional levou a “diminuições salariais na ordem dos 20 a 25 por cento”.

Na entrevista de sexta-feira, Pedro Passos Coelho rejeitou “diabolizar” o FMI, assinalando que esta ajuda permitiu à Grécia e à Irlanda, pelo menos, pagarem “pelos juros da dívida muito menos do que Portugal” paga atualmente.

Vitalino Canas considerou também que a entrevista de Passos Coelho foi "vazia de conteúdo", frisando que o líder social-democrata “não conseguiu justificar porque contribuiu para lançar o país numa cries política” e “deixou escondida a sua própria agenda”.

“A crise política e as eleições que inevitavelmente se seguirão não tem nenhuma vantagem para o país (…), mas pelo menos que esta campanha eleitoral que vem aí seja clarificadora em relação à posição dos partidos”,
afirmou, exigindo que Passos Coelho diga quais as medidas concretas que defende para cumprir o défice.

Se continua a dizer que aceita os objetivos para cumprir o défice (…) tem de dizer como o vai concretizar”, “defendeu.

SO/Lusa

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