quarta-feira, 20 de julho de 2011

Euro/Cimeira: Bruxelas com os nervos à flor da pele e Portugal à espera das soluções para a Grécia

Bruxelas, 20 jul (Lusa)


A cimeira extraordinária da Zona Euro que se celebra quinta-feira em Bruxelas é vista por muitos como o momento da verdade para a moeda única, estando Portugal particularmente atento às soluções que os líderes tentarão encontrar para a Grécia.

Num momento de crise profunda no espaço monetário único que ninguém nega, e com a Grécia a desesperar por um segundo pacote de ajuda que evite o colapso financeiro, a chanceler alemã Ângela Merkel tratou de ‘pôr água na fervura’ e avisar desde já que ninguém espere “resultados espetaculares” na cimeira de Bruxelas. Mas é isso mesmo, um resultado espetacular, que muitos consideram ser a única saída possível e a resposta a dar aos mercados.

Hoje mesmo, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, dramatizou o discurso e disse ter chegado a altura de os líderes europeus cumprirem a promessa de que tudo fariam para salvaguardar a estabilidade da Zona Euro, pois “a situação é muito grave e requer uma resposta, ou as consequências negativas serão sentidas em todos os cantos da Europa”, e mesmo além das fronteiras europeias.

Para Durão Barroso, “o mínimo” que se pode esperar da cimeira de quinta-feira é que se faça luz sobre uma série de aspetos, que chegou ao ponto de enumerar: medidas para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas gregas, papel do envolvimento do setor privado, flexibilização do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, regulações ainda necessárias no setor bancário e medidas para garantir provisão de liquidez ao sistema bancário europeu.

Portugal estará particularmente atento a algumas das soluções que poderão a vir a ser acordadas para ajudar a Grécia, e das quais também poderá vir a beneficiar enquanto outro dos Estados-membros que também tem em curso um programa de assistência financeira, tal como uma eventual descida das taxas de juro dos empréstimos. Esta hipótese, aliás, já colocada em cima da mesa na reunião da passada semana de ministros das Finanças da Zona Euro.

Todavia, muitos responsáveis têm alertado que o problema da Zona Euro vai muito além dos países com programas de resgate, tendo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, defendido em Bruxelas, na passada segunda-feira, que é necessário encontrar quinta-feira uma “resposta robusta” para um problema que “não é vulgar” e que tem implicações no próprio projeto político europeu.

“Se a cimeira extraordinária é convocada, é porque há um problema não vulgar que está na sua origem e que merece uma solução robusta, e não uma solução precária”, disse.

Parte da solução poderá começar a ser definida hoje à noite, em Berlim, numa reunião entre Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que desta feita não parece estar em sintonia com a chanceler alemã, já que Paris também se tem manifestado a favor de um resultado tangível na cimeira extraordinária.

A menos de 24 horas da cimeira, agendada para as 13:00 horas de Bruxelas (12:00 de Lisboa), todas as hipóteses parecem ainda estar em cima da mesa, e até a reunião preparatória de principais conselheiros dos líderes, prevista para hoje à tarde, foi adiada para a manhã de quinta-feira, um dia que se adivinha de nervos em Bruxelas.

Portugal estará representado na cimeira pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

ACC/Lusa

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