quinta-feira, 7 de julho de 2011

Maus auspícios,com excesso de "trapalhadas"

Face à rotunda vitória da Coligação de direita tudo apontaria para um folgado “estado de graça”, pelo menos no concernente à acalmia interna e na execução rigorosa do Programa de Governo. Não obstante, aquilo a que se vai assistindo é um chorrilho de disparates, fruto da falta de clareza de decisão, de inépcia e desconhecimento do funcionamento da máquina do estado.
Desde logo porque Passos Coelho, ainda candidato, optou por um pueril tique populista e resolveu convidar para a função de presidente do Parlamento o novel deputado, Fernando Nobre, com os resultados sobejamente conhecidos. Ou seja, abrindo no seu rol de derrotas, não apenas traços de ingenuidade política, a que se somam o desconhecimento do funcionamento de um tão relevante órgão da República.
A que acresce um “caso de veto” de um membro do governo, no caso, um tal Bairrão, então administrador da TVI, dispensado na véspera da posse, por expressa indicação, junto do primeiro-ministro, de uma “pivot” da referida estação de televisão. O que tudo bem revela a falta de rigor e os problemas de gestão política, ainda em fase de composição do governo, por parte pelo novo líder do governo.
A que tudo se soma o conjunto de decisões imponderadas e de raiz demagógica, de que são exemplos esparsos a extinção da função dos governadores civis, cuja constitucionalidade é problemática, para além dos impactos que tal fará recair na matéria da protecção civil. E a que acresce a ruidosa vozearia que geralmente percorre a generalidade dos “opinions makers” no sentido de arrasar a estrutura orgânica ministerial, especialmente pela opção excessivamente desigual e irrazoável do peso específico das diversas unidades orgânicas nos diferentes ministérios.
E por fim, não era espectável, tendo em conta as reiteradas declarações do primeiro-ministro, que Passos Coelho abrisse a discussão do Programa do governo anunciando do um forte aumento da receita em sede de impostos sobre o rendimento e traduzido numa violenta arrecadação de metade do subsídio do Natal. A que se somará, obviamente o IVA…
É que Passos Coelho optou por uma política de inverdade e tripudiou sobre os portugueses, designadamente os que reclamando pelo seu voto, e que provavelmente o obtiveram, e que agora se sentem logrados pela atitude do primeiro-ministro. Trapalhadas desnecessárias e maus auspícios.



Marinha Grande,5 de Julho de 2011(publicado, no Jornal de Leiria, em 7 de julho 2011)





Osvaldo Castro

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