sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ajuda externa: Soares recusa atitude subserviente à ´troika´ ou venda de património por "tuta e meia"

Castelo de Vide, 02 set (Lusa)

"O ex-Presidente da República Mário Soares considerou hoje que Portugal tem condições para crescer sem vender o seu património “por tuta e meia” e sair da crise sem ser subserviente à ‘troika’, que “são os tipos dos mercados”.

Ao intervir durante um jantar-conferência na Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide, Soares disse que “Portugal tem condições humanas e naturais para crescer e vai consegui-lo, sem alienar – como alguns querem – o seu património, vendendo-o por ‘tuta e meia’, até a empresas nacionalizadas no estrangeiro”.

Na sua intervenção, que se centrou na globalização e no diálogo entre gerações, o histórico socialista não passou ao lado do tema da crise e do endividamento do País, frisando que “há muita coisa para além da dívida”.

Contudo, Soares não deixou de apontar alguns caminhos, defendendo que Portugal não tem de estar “sempre de chapéu na mão e ser subserviente em relação à ‘troika’”, que “afinal são os tipos dos mercados”.

Como disse: “Não temos de estar subservientes a essa ‘troika’”, considerando que Portugal conseguirá sair da crise com a ajuda de uma nova União Europeia solidária e mais igualitária, “sem que seja necessário chegar aos extremismos que preconiza essa ‘troika’, que não é uma Bíblia”.

Por outro lado, preconizou ainda o antigo Presidente da República, é preciso “dominar os mercados e meter na ordem os paraísos fiscais e as agências de ‘rating’ no plano internacional”.

Caso contrário, o euro e a União Europeia serão “destruídos”, o que seria “uma calamidade”, não só para todos os Estados membros, como para o mundo, que ficaria, “de todos os pontos de vista, sem controlo”, continuou Mário Soares.

“Não creio que os dirigentes europeus sejam tão irresponsáveis – têm sido um bocado – que aceitem, sem reagir, que a União Europeia, o projeto político mais original desde sempre, se auto-destrua”, declarou, confessando, contudo, não estar seguro disso.

Logo no início da sua intervenção, referiu-se ao facto de estar num jantar da Universidade de Verão do PSD, considerando ter sido “uma prova de inteligência” dos organizadores terem convidado alguém que é “adversário político”.

Contudo, ressalvou, em democracia não há “inimigos”, mas sim adversários, que até podem ser amigos pessoais, como é o caso da relação que tem com o eurodeputado Carlos Coelho ou com o fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão".

VAM/Lusa

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