quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Secretas: Chefe do SIRP remete para a investigação judicial desenvolvimentos sobre "caso Nuno Simas"

Lisboa, 12 out (Lusa)

O secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) apontou hoje mudanças introduzidas no departamento operacional do SIED e defendeu que compete à justiça eventuais desenvolvimentos ao caso do acesso a telefonemas do jornalista Nuno Simas.


Júlio Pereira avançou com estas posições numa reunião que durou cerca de duas horas e meia com deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias na sequência de um requerimento do Bloco de Esquerda.

Ao longo da reunião, que decorreu à porta fechada, os deputados questionaram o secretário-geral do SIRP sobre a possibilidade de elementos do Departamento Operacional dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) terem praticado um crime de abuso de poder ao acederem de forma ilegítima a uma lista de telefonemas feitos pelo jornalista Nuno Simas, então quadro do jornal Público.

Um relatório do Conselho de Fiscalização do SIRP, entidade presidida por Marques Júnior, concluiu mesmo pela necessidade de mudanças significativas no Departamento Operacional do SIED.

De acordo com relato de vários deputados, na reunião, Júlio Pereira apontou que algumas mudanças já foram introduzidas no SIED desde o momento em que ocorreram os factos em causa [agosto de 2010], altura em que estes serviços ainda tinham Jorge Silva Carvalho (agora quadro da Ongoing) como diretor do serviço.

Júlio Pereira terá defendido que o relatório de inquérito feito a este caso pelo SIRP foi o mais longe possível e que o desenvolvimento deste "caso Nuno Simas" caberá à justiça, ou seja, à investigação conduzida pelo Ministério Público.

Na audição, segundo deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais, o secretário-geral do SIRP deu "respostas hábeis" e recusou-se a esclarecer algumas situações, designadamente, se as "secretas" portuguesas têm ou não toupeiras nas empresas de telecomunicações.

Já do ponto de vista político, Júlio Pereira terá afirmado perante os deputados que mantém a sua posição favorável a uma eventual fusão do Serviço de Informações e Segurança (SIS) e dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Com a audição de Júlio Pereira, a Comissão de Assuntos Constitucionais terminou a fase de auscultação a responsáveis de entidades que terão estava diretamente ou indiretamente envolvidas no caso do acesso indevido a uma lista de telefonemas feitos pelo jornalista Nuno Simas, atual diretor adjunto da Agência Lusa.

A partir de agora, deputados de várias forças políticas adiantaram à agência Lusa que irão aguardar por desenvolvimentos ao nível da investigação judicial para decidir quais os próximos passos a dar do ponto de vista político em relação à atividade das "secretas".

PMF/Lusa

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