quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Greve Geral: Dados de adesão são uma "manipulação" do Governo - João Proença

Lisboa, 24 nov (Lusa)
O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou hoje uma “manipulação” os dados apresentados pelo Governo sobre a adesão à greve, que apontam para cerca de 10 por cento de grevistas na Administração Pública.

"O documento que o Governo pôs cá fora as 11h30 é uma vergonha, ultrapassa os limites da decência”, afirmou João Proença na conferência de imprensa de balanço do dia de greve geral conjunta das duas centrais sindicais.

Pelas 11h30, o Governo disse que os números de adesão eram de 3,6 por cento, tendo atualizado esse valor para os 10,48 por cento pelas 18 horas.

Para o líder sindical, que falou ainda antes deste último número ser conhecido, houve uma “clara manipulação” dos dados, considerando “anedótico” que no Hospital de Santa Maria a adesão tenha sido de pouco mais de 200 trabalhadores, segundo o Governo, e criticou ainda que “não tenha sido feito um levantamento nas escolas”.

A greve geral que a UGT e a CGTP marcaram para hoje é a segunda conjunta das duas centrais sindicais (a primeira foi precisamente há um ano) e a sétima realizada em Portugal nos últimos 29 anos.

Esta deverá também ser a última greve geral em que os secretários-gerais da CGTP e da UGT, Carvalho da Silva e João Proença, já que deverá ser a última vez que o fazem enquanto líderes sindicais.

A aproximação das centrais sindicais para esta greve geral aconteceu depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter anunciado em meados de outubro um novo pacote de austeridade para combater o défice público, que consta do Orçamento do Estado para 2012.

A greve geral convocada para hoje em Portugal pela CGTP e UGT, para protestar contra as medidas de austeridade decretadas pelo governo, está a “registar forte adesão”, de acordo com informações transmitidas pelas duas centrais sindicais.

Nos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto, autocarros e metropolitanos estão praticamente paralisados, havendo também fortes constrangimentos nas ligações ferroviárias a nível do país. A TAP cancelou mais de uma centena de voos.

Durante a primeira metade do dia registaram-se alguns incidentes, designadamente com o arremesso, por desconhecidos, de “cocktails molotov” e latas com tinta contra três repartições de Finanças em Lisboa. A GNR foi também chamada a intervir junto de piquetes de greve que tentavam impedir a circulação de comboios em Anadia e Penafiel. A PSP teve de afastar piquetes de greve que bloqueavam a circulação de autocarros, nomeadamente junto à saída da estação da Carris na Musgueira, em Lisboa.

Além dos transportes, os efeitos da greve geral, a segunda conjunta convocada por CGTP e UGT, estão também a fazer-se sentir junto de escolas, hospitais e centros de saúde, tribunais, autarquias e outras repartições do Estado, afetando ainda alguns setores privados, em especial na indústria.

IM/Lusa

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