quarta-feira, 18 de abril de 2012

O destempero de um governo que perdeu o tino…!

Há semanas, como esta última, que prenunciam os curtos meses que se avizinham até que os incensados governantes desfaleçam de vergonha ou de inanição mentirosa. O governo presidido por Passos Coelho tem-se esgotado em fazer passar uma mensagem capaz de fingir que, por norma, sempre abordaria a realidade dos factos sob a regra de uma composta e presumida verdade. Fê-lo tendo em vista a contraposição com o anterior governo e fazendo-lhe subjazer a tese de que a “barganha” e os vilipêndios organizados em torno do seu antecessor lhe proporcionariam o bode expiatório capaz de tapar com véus pretos os disparates e o desconchavo que a actual gestão governamental tem vindo a proporcionar.
Tudo se explica com os famosos lapsos a propósito dos cortes dos subsídios de Natal e férias de funcionários públicos e pensionistas que, propagandeados como sendo restritos aos anos de 2012/2013, na boca do 1ºministro e de vários membros do governo, e que, agora, tal como coelho tirado da cartola já só são parcialmente admitidos em 2015, ou será 2016, ou nunca mais…?!? A que a tudo acrescem os desmesurados aumentos do número de desempregados e as concomitantes reduções das contribuições para a Segurança Social, sem falar da política de inaudita austeridade que do IVA ao IMT e aos aumentos dos transportes, dos combustíveis e energia têm vindo a causar a mais profunda das depressões que a nossa economia alguma vez possa ter passado.
E, obviamente, em atitude de claro descoco e desnorte, tal governo, em matéria de imposição de ditames relativos a reformas antecipadas, optou por seguir procedimentos legislativos secretos, usando precedentes que desrespeitam a lei e os fundamentos da estrutura constitucional. Um verdadeiro disparate cuja promulgação deixa muito que pensar em sede de poderes presidenciais, sobretudo porque se finge não atentar que inúmeros cidadãos que optaram por solicitar a antecipação da sua reforma não tiveram outro remédio, já que só o fizeram por terem sido atingidos pelo desemprego.
Ou seja, a equipa aventureira capitaneada por Passos Coelho e flanqueada por Relvas e Gaspar, já que Portas finge estar acoitado atrás das moitas, e Álvaro está em estado de desnutrição governamental, ainda não terá entendido, com a meridiana clareza que os assuntos de estado deviam requerer, que nas últimas semanas o bote que tripulam começa a meter água por tudo que são buracos e trapalhadas. Claro, a ideia de se portarem como alunos bem comportados e os primeiros a disponibilizarem-se para a ratificação do Tratado Orçamental, também em nada gratifica ou sequer ajuda, já que, passar para além da “troika” ou do Memorando de Entendimento em nada tem contribuído para evitar o nosso empobrecimento, ou atenuado a continuada recessão e a depressão económica dos nossos compatriotas.
Certo é que, muitos dos portugueses que sustentaram eleitoralmente a maioria PSD/CDS jamais perdoarão a este governo tudo o que vêm sentindo na pele, o mesmo é dizer, os aumentos de impostos, o corte de rendimentos, a incessante política de austeridade, o desemprego, a redução do apoio do estado, os novos caminhos tendentes ao plafonamento da segurança social, os virulentos ataques ao serviço nacional de saúde e as intenções inigualitárias em matéria de educação.
Em suma, Passos Coelho pode estar a caminhar à orla do precipício, pode não sobreviver aos desplantes e desconchavos em que tem sido fértil, especialmente porque tem vindo a percorrer um caminho na margem da violação dos princípios estruturantes do estado português, e isso paga-se!


Osvaldo Castro

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