domingo, 24 de junho de 2012

Cavaco acha "muito difícil" novas medidas de austeridade

O Presidente da República considerou hoje "muito difícil" voltar a exigir novos sacrifícios a quem já foi chamado a contribuir "significativamente para a redução dos equilíbrios económicos e financeiros" em Portugal.
Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas em Castro Daire, admitiu, no entanto, que podem ser abertas exceções se esses sacrifícios incidirem sobre quem "tenha sido poupado".
"Será muito difícil voltar a exigir sacrifícios aos que já foram chamados a contribuir significativamente para a redução dos nossos desequilíbrios económicos e financeiros. Só se eventualmente se pensar naqueles que, até ao momento, tenham sido poupados, de alguma forma, aos sacrifícios que foram pedidos a muitos e muitos portugueses", disse.
E reafirmou: "Não estou a pensar em ninguém de forma especial. O que digo é que se vê pouco espaço, pensando bem, para que se possa exigir mais sacrifícios a quem já foi sacrificado e muito sacrificado".
"Mas tenho que confiar na palavra do senhor ministro das Finanças que não apontou nenhuma medida adicional de austeridade e não colocou em causa o objetivo acordado (de 4,5 por cento do PIB do défice orçamental para 2012) com as instâncias internacionais".
Sobre a diminuição das receitas ficais nos cinco primeiros meses do ano, Cavaco Silva alertou que existe " uma relação entre o nível da actividade económica, por vezes com desfasamento temporal, e as receitas fiscais", significando isso que, "tendo baixado as receitas fiscais, refletem o abrandamento da actividade económica que se tem vindo a verificar".
"No entanto o senhor ministro das Finanças, que tem todos os dados na sua posse, afirmou que o objetivo de 4,5 por cento do produto do défice orçamental de 2012 não estava posto em causa. Temos que aguardar para ver", sublinhou.
O Presidente da República admitiu que por ocasião da próxima revisão da troika será o momento indicado para se ter uma perceção mais correcta.
"O senhor ministro das Finanças diz que vai ser possível. Mas estou convencido que na próxima revisão da troika, que ocorrerá no final do mês de agosto, e como é costume, se desenvolve um diálogo aprofundado com o Governo, irão analisar quais são as perspetivas, não apenas das receitas ficais, mas também das despesas, com uma visão mais alargada até ao fim do ano, porque, por vezes, ocorrem alguns desfasamentos de natureza temporal".
Hoje-Dn.pt/Lusa

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